Causas de infertilidade: Fatores Masculinos

Os fatores masculinos podem ser responsáveis por até 40% dos casos de infertilidade conjugal. Ocorrem quando encontramos algo alterado no organismo masculino, normalmente no sêmen, que impede e dificulta a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, e consequentemente a gestação. Portanto, é fundamental na investigação básica do casal infértil a investigação do parceiro com um exame que analisa diretamente a qualidade do sêmen: O ESPERMOGRAMA.

O espermograma é um exame no qual o esperma é avaliado detalhadamente quanto a alguns parâmetros importantes, como: concentração dos espermatozoides, formato e motilidade dos mesmos, pH, volume ejaculado, viscosidade, etc. Para realização do exame, o sêmen é coletado no laboratório pelo próprio paciente por masturbação, respeitando o tempo de abstinência ejaculatória de 2 a 5 dias. De maneira resumida, ele avalia a quantidade e, de certa forma, a qualidade dos espermatozoides para fertilizar um óvulo.

Mas afinal, o que pode causar essas alterações seminais levando a infertilidade de causa masculina?

Diversos fatores podem levar a essas alterações, como:

• Fatores ambientais como por exemplo o calor excessivo ao qual muitos homens estão expostos em ambientes de trabalho de determinadas profissões, ou o contato com substancias químicas e tóxicas;
• Hábitos de vida como tabagismo, alcoolismo e consumo de drogas ilícitas, destacando-se a maconha;
• Uso de anabolizantes, muito comum nos dias de hoje; o uso de alguns medicamentos, especialmente alguns quimioterápicos em pacientes que realizaram tratamento para algum tipo de câncer;
• Antecedente de trauma no testículo (como acidentes automobilísticos, agressões físicas, esportes de contato) ou inflamações (orquite) e infecções;
• Distúrbios hormonais.

Pacientes com distúrbios sexuais, como ejaculação retrógrada e disfunção erétil (popularmente chamada de impotência), apresentam dificuldades durante a relação sexual que de certa forma também contribuem de maneira importante para a infertilidade masculina.

Existem também algumas causas genéticas, que normalmente levam a uma situação extrema, na qual o homem não produz nenhum espermatozoide (contagem ZERO no espermograma, ou, em termos médicos, AZOOSPERMIA). Por isso, na investigação da infertilidade masculina, é sempre importante também o exame de cariótipo para os casos de concentração muito baixa de espermatozoides (oligozoospermia severa) ou contagem ZERO.

Além das causas genéticas, outra situação na qual o homem não ejacula nenhum espermatozoide é quando existe alguma obstrução no canal que leva os espermatozoides do testículo para o local onde eles ficam armazenados até a ejaculação, na vesícula seminal (situação chamada de AZOOSPERMIA OBSTRUTIVA). É esse mesmo canal (o canal deferente) que é seccionado quando se faz a vasectomia, tornando o homem propositalmente estéril. Alguns homens nascem sem o canal deferente, e por isso, também não tem nenhum espermatozoide detectável no espermograma.

Além das situações já citadas, é importante pesquisar a existência de VARICOCELE, através do exame físico e de um ultrassom dos testículos. A varicocele é a causa de infertilidade masculina mais frequente, apesar de 2/3 dos portadores serem férteis. Consiste em uma dilatação anormal das veias que drenam os testículos. Isso pode acabar prejudicando a qualidade e a quantidade de espermatozoides ao longo dos anos.

Antigamente também se acreditava que a idade masculina pouco influenciava em sua capacidade reprodutiva, ao contrário da mulher. Porém hoje sabemos que a qualidade do espermatozoide pode sim (por um mecanismo de “danos” em seu DNA”) ser influenciada de alguma forma pela idade masculina. Inclusive existe atualmente um exame que mede esses danos (o teste de fragmentação do DNA).

O tratamento de um casal com infertilidade em que encontramos um FATOR MASCULINO como causa, na grande maioria dos casos, é a fertilização in vitro (FIV). Em alguns casos de baixa concentração de espermatozoides isolada (oligozoospermia leve), ou seja, sem outros fatores associados, pode-se tentar um tratamento de baixa complexidade, como a inseminação artificial intrauterina. Para FIV, a maneira de coleta dos espermatozoides no tratamento pode variar, podendo ser usado o sêmen ejaculado por masturbação, ou as vezes necessitando de pequenos procedimentos cirúrgicos para captação dos espermatozoides, como o procedimento chamado PESA (aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo), indicado aos pacientes que tem vasectomia, por exemplo.

É fundamental que o homem com infertilidade passe por uma avaliação médica especializada para que seja investigada a causa do problema. Apesar de ser pouco discutido e comentado, o fator masculino deve sempre ser pesquisado e é fundamental nesses casos o apoio mútuo do casal, principalmente nos casos em que exista um FATOR MASCULINO isolado, pois muitas vezes isso é estigmatizante, motivo de vergonha e leva a um sentimento de impotência para o homem, o que de certa forma pode atrapalhar o relacionamento do casal.